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Bullying nas Escolas: Caso de Indenização Reforça a Necessidade de Protocolos Eficazes

Entenda como uma decisão judicial sobre bullying reforça a responsabilidade das escolas. Dicas práticas e protocolos para proteger sua instituição.

Em decisão recente, uma Escola de Brasília foi condenada a indenizar um aluno em R$ 17 mil por falha na prevenção e coibição do bullying. O caso, noticiado pelo portal Migalhas, reforça a importância de políticas escolares eficazes no combate a essa prática. Além de evitar prejuízos à reputação e passivos financeiros, medidas de prevenção promovem um ambiente saudável e seguro para a aprendizagem.

O caso

A condenação baseou-se na omissão da escola ao não adotar medidas concretas diante de um cenário comprovado de bullying, causando danos psicológicos ao aluno. O Tribunal de Justiça do Distrito Federal reconheceu que o ambiente escolar, por ser um local de convivência e aprendizado, deve zelar pela integridade física e emocional de seus estudantes.

Conforme descrito na decisão, a falha em coibir o bullying violou os deveres institucionais da escola, o que justifica a aplicação do artigo 932, inciso IV, do Código Civil, que trata da responsabilidade objetiva dos empregadores e responsáveis por danos causados por seus subordinados no exercício de suas funções.

Vejamos o diz o artigo:

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
IV – os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;

grupo de estudantes interagindo com foco na construcao de ambientes seguros e acolhedores 1024x579 jpg

Implicações para gestão escolar

Para diretores, coordenadores e mantenedores, o caso serve como um alerta. Ter protocolos claros, treinamentos constantes e canais de denúncia acessíveis pode não apenas prevenir problemas, mas também demonstrar diligência em situações futuras.

É importante também destacar que em casos onde há a incidência de condenação da Escola a pagamento de indenização pecuniária o fluxo de caixa muitas vezes sofre enorme impacto. A partir disso, há uma cadeia de problema onde a ausência de reserva financeira compromete toda a qualidade pedagógica, administrativa, estrutural e de manutenção da Escola.

Legislação correlata e Aplicação de Compliance na Gestão Escolar

Além do Código Civil, a Lei nº 13.185/2015, que instituiu o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying), é uma referência importante. A legislação orienta escolas a adotarem práticas pedagógicas e administrativas voltadas à conscientização, prevenção e combate ao bullying. A Constituição Federal de 1988, por exemplo, assegura, em seu artigo 227, o dever prioritário de famílias, sociedade e Estado em proteger crianças e adolescentes contra qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

A Lei nº 8.069/1990, que estabelece o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), reforça a proteção integral à criança e ao adolescente, determinando, em seu artigo 4º, que é dever de todos assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos relacionados à dignidade e respeito. Essas legislações, quando aplicadas de forma consistente pelas escolas, criam uma base sólida para evitar situações que comprometam o bem-estar dos alunos.

Compliance e Ambiente Escolar

Compliance, originalmente aplicado ao setor corporativo, refere-se ao conjunto de práticas que asseguram a conformidade de uma instituição com normas legais, regulamentares e éticas. Nas escolas, a implementação de um programa de Compliance pode ser decisiva para prevenir e mitigar riscos relacionados a casos de bullying, assédio ou outras violações de direitos.

Princípios de Compliance Aplicados à Gestão Escolar

  1. Integridade e Transparência:
    Desenvolver e comunicar um Código de Ética e Conduta Escolar que defina, de forma clara, os valores e padrões comportamentais esperados de toda a comunidade escolar (alunos, professores, pais e colaboradores).
  2. Prevenção e Monitoramento:
    Implantar protocolos de prevenção e combate ao bullying, como a criação de canais confidenciais para denúncias. O treinamento contínuo de colaboradores e a realização de auditorias internas para monitorar a aplicação das normas são essenciais.
  3. Responsabilidade e Prestação de Contas:
    Designar um “Comitê de Ética Escolar” ou um responsável interno que acompanhe denúncias, garanta a investigação de casos relatados e apresente soluções com base nos princípios de equidade e justiça.
  4. Treinamento e Educação:
    Realizar workshops e campanhas de conscientização com alunos, pais e professores para disseminar a cultura do respeito e da empatia, abordando os efeitos do bullying e a importância de denunciá-lo.
  5. Gestão de Riscos:
    Identificar os principais riscos relacionados ao ambiente escolar e criar estratégias para mitigá-los. Isso inclui mapear áreas de maior vulnerabilidade ao bullying e monitorar comportamentos nas redes sociais, quando aplicável.

Benefícios do Compliance Escolar

  • Redução de riscos legais e financeiros: Previne condenações judiciais por omissões ou negligências.
  • Melhoria da reputação institucional: Mostra ao mercado e à comunidade escolar que a instituição está comprometida com a ética e a segurança de seus alunos.
  • Promoção de um ambiente saudável: Reforça os laços de confiança entre a escola, as famílias e os alunos.

Ao adotar práticas de Compliance, as escolas não apenas garantem o cumprimento da legislação vigente, mas também promovem uma cultura organizacional sólida, capaz de prevenir, identificar e responder a problemas de maneira ágil e ética.

Boas práticas para prevenção

  • Manual de conduta: Desenvolva e distribua um manual claro sobre comportamentos esperados e inaceitáveis, destacando ações contra bullying.
  • Treinamento para colaboradores: Capacite professores e funcionários para identificar sinais de bullying e intervir de forma adequada.
  • Canais de denúncia: Crie espaços seguros para que alunos e pais possam relatar casos de forma confidencial.
  • Acompanhamento psicológico: Disponibilize suporte profissional para vítimas e agressores.
  • Compliance: Os conceitos primários de compliance são extremamente fundamentais nas práticas de prevenção ao bullying. A revisão contínua de todos os fluxos, processos e procedimentos facilita o diagnóstico de possíveis incidentes.

Sua escola está preparada para lidar com casos de bullying? Possui um manual de conduta atualizado, protocolos de ação e um ambiente que promove o acolhimento e a segurança de seus alunos?

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Créditos:
Informações baseadas na notícia publicada pelo portal Migalhas: “Escola deve indenizar aluno em R$ 17 mil por falha ao coibir bullying”. Confira a matéria completa em Migalhas.

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